segunda-feira, 22 de abril de 2013

Chame Do Que Quiser!

Hoje vou me contradizer um pouquinho. Sei que acabei de fazer uma série de posts sobre estereótipos de alunos universitários, e enquanto isso é engraçado e, até certo ponto, verdadeiro, quero dar a minha opinião sobre essa obsessão com categorizar as coisas.

Todo mundo tem mania de classificar pessoas e colocá-las em categorias intangíveis. Sempre ouvimos frases como "Ai, ela é muito patricinha..." "Nossa, que cara playboyzinho" ou "olha aquela hippie maconheira." Essas são só algumas das palavras inventadas para classificar pessoas (nem deixe-me começar a falar sobre a palavra "hipster." Acho que não existe espaço suficiente na internet para caber a análise que pode ser feita sobre todas as definições, contradições, e nuances que vêm com o termo. Mas chega de digressão). 

E isso não vale apenas para estilos de se vestir ou maneiras de agir. Quase tudo que fazemos inevitavelmente é motivo para qualificação. De que filmes gosta? Qual tipo de música ouve? Que lugares frequenta? O que gosta de fazer no tempo livre?

Não me leve a mal, eu realmente acho que essas coisas fazem grande parte da identidade de cada pessoa. E não há nada de errado em ter certas preferências e associar-se com os outros com base nessas preferências. O problema começa quando o rótulo vira mais importante do que a pessoa em si. No momento que alguma "preferência" ou "associação" vira motivo para preconceito, é aí que os rótulos viram algo ruim. Também é prejudicial quando alguém realmente gosta de alguma coisa, só que tem vergonha de gostar por medo do que os outros vão pensar, ou por medo de cair em alguma classificação por causa disso.

Aprendi a ver que as pessoas mais admiráveis e confiantes gostam do que gostam e não estão nem aí para o que os outros pensam. Vou usar eu mesma como exemplo. Minhas roupas são predominantemente feitas de couro, metal, e tachas pontudas. Já me chamaram de "punk", "patricinha roqueira," "alternativa," e até de "incapaz de usar roupas que combinam" (Sr. Roberto Justus). As bandas que mais gosto são Foo Fighters, Green Day, Garbage, e Metric. Toco guitarra desde pequena. Por essas razões, por um bom tempo eu pensei que eu tinha que ser parte dessa categoria, desse "tipo de pessoa" que gosta dessas coisas e apenas dessas coisas. Quando vim para a faculdade, conheci pessoas que não gostavam de nenhuma banda que fosse famosa. Como eu me identificava com essas pessoas por causa de vários outros coisas (hobbies, jeito de falar e se vestir, etc) eu comecei a pensar que havia algo de errado comigo, pois eu gostava também de músicas famosas de rádio (o que chamamos de "Top 40"), mas aparentemente isso era inaceitável. Foi aí que eu fiz um playlist no meu iTunes só com músicas relativamente desconhecidas, só para agir mais como esse "rótulo" que eu achava que tinha que pertencer.

Essa foi a maior bobagem do mundo. O que eu estava tentando provar com isso? Não tem problema NENHUM em gostar de seriados bobos como Once Upon a Time, ou artistas mainstream como Taylor Swift. (I Knew You Were Trouble: MEU HINO). Eu AMO música, desde rock clássico, até músicas de balada, até músicas pop de rádio, e até as bandas que ninguém conhece. Tudo tem seu valor, tudo tem sua hora. Minhas fases musicais vão mudando. Assim como minhas roupas -- tem dias que tenho vontade de me vestir de branco e rosa e jóias delicadas. Às vezes quero assistir filmes clássicos como The Shining e outros só quero deitar de pijama e assistir Mean Girls pela milésima vez. Posso assistir seriados sérios e bem feitos como Game of Thrones que adoro, mas outros dias eu quero ver a porcaria mental que é 90210 (meu QI deve abaixar significativamente depois de cada episódio). 

Uma das minhas músicas favoritas no mundo fala exatamente disso. A música chama-se "Call It What You Want" do Foster The People. Em português isso quer dizer "chame do que quiser." Ele diz:

Yeah, we're locked up in ideas
We like to label everything
Well I'm gonna do here what I gotta do here
'Cause I gotta keep myself free
(...)
You say "what's your style and
Who do you listen to?" Who cares?

Essa letra diz que estamos presos em ideias e adoramos rotular as coisas, e que pessoas agem pelas razões erradas. Por isso, meu objetivo aqui hoje é pedir para as pessoas não cometerem o mesmo erro que eu cometi naquela primeira semana de faculdade. Você gosta do que gosta, e isso é parte de quem você é. Os outros que se virem com isso. Os que julgam não importam, e os que importam não julgam.

"Call It What You Want" - Foster The People


domingo, 14 de abril de 2013

Television Rules The Nation

É um pouquinho triste o nível da minha decepção quando não tem algum episódio novo de algum programa de TV que eu assisto. Acho que muitos me entendem. O nosso mundo de hoje é muito ligado em televisão, e ultimamente tenho sentido que tenho muito mais paciência para assistir seriados de TV do que filmes. Às vezes dá preguiça de sentar e assistir um filme de duas horas, mas assistir duas horas de episódios de algum seriado, ou até vários, eu não tenho a menor preguiça. Acho que isso tem muito a ver com o fato de que o jovem de hoje em dia não tem a menor paciência, pois com tantas distrações o tempo todo, é difícil captar sua atenção por muito tempo. Eu quero ver coisas rápidas, coisas que são capazes de me divertir rapidamente. Claro que eu ainda amo filmes. Como uma estudante de cinema, não há nada nesse mundo que me deixa mais feliz. Porém, um filme demora para começar, sempre tem uma introdução longa, e depois disso ainda tenho que tentar saber quem é quem e como cada personagem é, para só depois começar a ligar para o que acontece com eles. Um seriado eu já conheço (e muito bem) todos os personagens, parece até que são meus amigos, e só basta apertar play e continuar imediatamente aonde eu parei da última vez.




Escrevo isso porque eu tenho uma rotina muito rígida. Toda vez que um seriado passa na TV aqui, no próximo dia já tem um episódio novo para baixar no iTunes. Exceto quando não tem. E isso me deixa furiosa. Pelas seguintes razões:
  • Eu quero conhecer a mãe dos filhos do Ted.
  • Eu preciso dos meus 40 minutos semanais olhando para o ser humano perfeito que é Ian Somerhalder.
  • Eu quero ouvir o sotaque da Gloria, o Mitch e o Cam brigando, a Claire enchendo o saco de alguém, o Phil tentando ser engraçado, a Haley sendo burra, e a pequena Lily mandando todo mundo se f*der.

Pois é. Hoje fui checar se já tinha no iTunes um dos seriados que eu mais amo (How I Met Your Mother) e não tinha. Os estúdios adoram simplesmente miar de fazer um episódio por semana, às vezes até esperando UM MÊS para colocar no um novo no ar. SERÁ QUE ELES NÃO ENTENDEM QUE EU PRECISO DISSO?!?!

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Pessoas Que Você Vai Conhecer Na Faculdade Parte Final

O famoso “hipster”

Esse termo pode ter muitas definições, e para cada pessoa quer dizer algo diferente. Vou dar, então, a minha opinião sobre o assunto. Ser hipster já virou modinha, algo que é completamente contraditório ao conceito. O hipster é um pouco parecido com o intelectual angustiado. Gosta de filosofar e ter crises existenciais, mas essas se esticam à arte. O hipster adora escrever, pintar, filmar, fotografar. E seu trabalho sempre tem um significado profundo (ou pseudo-profundo) ou uma crítica aos jovens de hoje que não passam de “zumbis” conformistas. O hipster tenta ficar o mais longe possível do que é considerado “mainstream,” ou seja, parte da corrente principal da cultura popular. Se alguma banda indie fica famosa do nada, o hipster sempre diz que conhecia a banda muito antes de todo mundo, e que as músicas novas (as famosas) são uma porcaria.

Matérias preferidas: literatura, filosofia, cinema, fotografia.
Traje: calça jeans skinny, camisa xadrez, camiseta de alguma banda aleatória, óculos largos. (às vezes, chapéu e cachecol colorido)
Filmes que mais gosta: qualquer coisa ninguém nunca ouviu falar e possivelmente não existe
Música: Beach House, Foals, The Mountain Goats
Odeia: hip hop, banhos constantes, ser chamado de hipster.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Pessoas Que Você Vai Conhecer Na Faculdade Parte IV

A menina que está sempre de preto

Antigamente (e com esse termo, eu quero dizer uns 5 anos atrás) essa menina até poderia cair erradamente na categoria de “emo.” Simplesmente, ela não consegue usar roupas que não sejam pretas, e gosta de jóias metálicas e pesadas. Punk, gótica, emo, roqueira, satânica, o que for -- pode chamá-la do que quiser, porque ela realmente não está nem aí. Ou ela não liga mesmo, ou liga tanto que lutou para criar essa imagem de quem não liga. Ela normalmente toca algum instrumento musical que a deixe expressar toda sua angústia da adolescência que ainda não passou, mesmo estando na faculdade. Mas, não deixe ser enganado: esse ar de quem está pouco ligando demora umas boas horas no espelho para aparecer. Ela só fica pronta para sair depois de algumas horas de chapinha no cabelo (normalmente de alguma cor que não ocorre na natureza), lápis de olho que a faz parecer um guaxinim, e a preocupante quantidade de bijuterias penduradas no corpo. E a jaqueta de couro, claro.

Matérias preferidas: cinema, história da arte
Traje: qualquer coisa que poderia ser comprada na Galeria Ouro Fino, ou qualquer coisa preta
Filmes que mais gosta: Kill Bill, Alice in Wonderland, A Clockwork Orange
Música: Joan Jett, Nirvana, The Clash
Odeia: relacionamentos, Black Eyed Peas, cor de cabelo natural, Hermès.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Pessoas Que Você Vai Conhecer Na Faculdade Parte III

O futuro empreendedor ligado no 220V


É fácil de reconhecer um desses, pois ele está correndo pra lá e pra cá, cada vez tentando conseguir alguma coisa diferente. Esse aluno vai muito bem nas aulas, mas não necessariamente por ser tão inteligente ou estudioso, mas sim porque é carismático e corre atrás de tudo, formando conexões importantes com as pessoas certas. Esse é o cara que vai falar com o professor depois que aula já acabou, só para ter certeza de que o mesmo saiba seu nome. Esse é o menino que aparece no almoço usando terno e gravata (do nada) enquanto todo mundo está de jeans e camiseta, porque sempre tem alguma entrevista ou palestra aleatória. Este aluno tem um cartão profissional desde os 13 anos de idade. Às vezes, esse aluno tem uma “ideia incrível para um app de iPhone” (chocante! você é o único) e você pode ter certeza de que ele já foi atrás de patrocínio. Ele está sempre uns vinte passos à frente dos outros, mas pelo outro lado, se esquece que é jovem e tem que curtir a vida um pouco.

Matérias preferidas: economia, matemática, ciências políticas.
Traje: quando não está de terno, jeans discreto e camisa.
Filmes que mais gosta: 21, Wall Street, The Godfather
Música: U2, Pearl Jam, Kings of Leon
Odeia: Karl Marx, chegar atrasado, filmes muito longos, cidades pequenas, religião.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Pessoas Que Você Vai Conhecer Na Faculdade Parte II

A “Party Girl”



Essa menina é difícil de segurar. Sempre tem planos para os fins de semana, conhece Deus e o mundo, e está conectada 24 horas por dia nas redes sociais. Essa é a garota que posta fotos no Instagram da garrafa de Champagne ou o coquetel colorido que tomou com as amigas. Ela adora tirar fotos no espelho e publicar no dia seguinte a roupa que usou na festa (#lastnight) ou fotos com as amigas enfileiradas (#friends #love #party). A Party Girl sente que qualquer noite está valendo (#yolo), pois a vida social é infinitamente mais importante do que os estudos. Ela acorda todo domingo de manhã com um novo pretendente (que conheceu em alguma festa no fim de semana, mas qual era o nome dele mesmo?) e o conceito de “sair e não beber nada” só pode ser brincadeira. Essa aluna gosta mesmo é de se divertir, e vive sob o lema de que daqui quarenta anos, você não vai olhar pra trás e lembrar daquela noite que você dormiu super bem.

Matérias preferidas: a mais fácil de passar a aula inteira mandando SMS
Traje: vestido curto e grudado no corpo, salto gigantesco, maquiagem e cabelo impecáveis
Filmes que mais gosta: Mean Girls, He’s Just Not That Into You, Project X
Música: Avicii, Taylor Swift, David Guetta
Odeia: chegar em casa antes das 4, hipsters, matemática, Inception, estar sóbria.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Pessoas que você vai conhecer na faculdade

Não importa aonde você estuda -- Brasil, Estados Unidos, China, Austrália, Rússia, Júpiter -- os tempos de faculdade são perfeitos para conhecer gente nova. Durante os meus quase-dois anos como aluna universitária, conheci centenas de pessoas. É um tempo para abrir a mente e aprender com os outros, saindo um pouco da zona de conforto que são nossos amigos do colegial. Quando se é jogado no meio de um bando de estranhos, é natural que nosso cérebro tente “classificar” as pessoas. Isso acontece sem a menor malícia, e nem é algo ruim. Existem vários perfis, e cada pessoa se encaixa mais ou menos em um deles. Claro que isso é uma noção completamente imperfeita e todo mundo é diferente e especial e blablablá. Porém, pode ser que seja por puro tédio, decidi detalhar um pouquinho de cada perfil de aluno que encontrei no meu tempo em Boston College. Tenho certeza que isso vale para qualquer faculdade, pois são características da nossa geração.

Pelo resto da semana, vou postar um “perfil” de aluno por dia. Volte para o blog amanhã para conferir o próximo. Aí vai o primeiro...


O Intelectual Angustiado


Essa pessoa normalmente é uma de duas coisas: muito inteligente ou pseudo-inteligente. Não importa qual dos dois, esse aluno sente que está em um plano elevado do intelecto. Ninguém o entende, ninguém pensa tão profundamente quanto ele. Solitário, ele tem amigos mas nenhuma relação profunda, sendo que isso é o que ele mais busca. Enquanto não encontra, passa todo seu tempo debatendo (consigo mesmo) teorias existenciais e os enigmas da vida, usando como via de expressão poemas melancólicos e análises de Dostoevsky.

Matérias preferidas: filosofia, literatura, física quântica.
Traje: óculos hipster (usava antes de ser modinha!), jeans largo, camisa xadrez
Filmes que mais gosta: Donnie Darko, Memento, Eternal Sunshine of the Spotless Mind
Música: Radiohead, Muse, Blue Oyster Cult
Odeia: Ke$ha, Nickelback, cortar o cabelo, capitalismo.

Pessoa que eu conheci na faculdade que mais cabe nesse perfil:
Meu melhor amigo Matt Lyons. Sigam ele no instagram @lyonidas24, para ver o tipo de foto que essas pessoas postam...

terça-feira, 2 de abril de 2013

Pessoas Típicas de Aeroporto

Acabei de passar um feriado incrível com a minha família. Como minha faculdade é católica, nós alunos tivemos um feriado bem prolongado, então consegui dar um “pulinho” no Brasil. Esse pulinho de cinco dias me fez passar um bom tempo em aeroportos, pois preciso fazer conexão em Nova Iorque para conseguir chegar de Boston para São Paulo e vice versa. Passar todo esse tempo voando e esperando para entrar no avião me fez pensar um pouco... então aqui vão dois tipos de pessoa que confundem aeroporto com outra coisa. Acham que estão em outro lugar. E não diga que você também nunca pensou nisso.

1. “Vôo... ou passarela?!”

Quem é?
Essa é a típica mulher, faixa etária de 25 a 55 (se bem que tem umas em treinamento, sem nem ter saído da adolescência e já seguindo nessa direção), cujo sapato de salto de 10 centímetros gera um certo som ambiente de cleck-cleck-cleck no aeroporto. A Patricinha de Beverly Airs acha que o Airbus que habitará pelas próximas horas é o casamento do Príncipe William, ou algo do gênero, pois vai viajar toda enfeitada, perfumada, com aquele brilho dourado de bronzeador no rosto, pescoço, colo, e se bobear até nos braços. Sua calça jeans colada no corpo (que servia uns anos atrás, mas agora já está dando ‘aquela’ apertadinha), colete/camisa/blusa com estampa de algum felino, bolsa gigantesca que pesa uns dez quilos com tudo quanto é objeto inútil dentro, mais uns três a quatro quilos de pulseiras penduradas nos pulsos, brincos pesados que só podem estar causando revoltas nas células das orelhas... esse é o uniforme da Patricinha do aeroporto.

Porque é sem noção?
Calma aí, amiga! Se está viajando com o namorado ou marido, ele provavelmente já sabe que você é bonita e chique, então pode dar uma relaxada e investir um pouco no conforto. Se é solteira, sinto lhe dizer, mas a chance de você encontrar seu príncipe encantado no avião ou no aeroporto é de uma em mil comédias românticas. E sua vida não vai se transformar em filme. Mesmo se encontrar o homem mais perfeito do mundo no avião, você quer mesmo que ele te conheça pela primeira vez enquanto está dopado de Dormonid? Acho que não. Todo mundo consegue ver que você está desconfortável, e não tem razão pra isso. Então, faça um favor para si mesma, coloque uma roupa mais confortável e viaje mais leve. Senão vai chegar em seu destino com marca de calça na pele da cintura, se é que já não teve que casualmente abrir o botão e o zíper do jeans durante o vôo... é, fofa. Só porque estava escondido debaixo do cobertorzinho da TAM não quer dizer que não aconteceu. Ainda mais fica com o pé todo ferrado por causa do sapato alto e chique, e dor no ombro por causa de tanta porcaria que quis deixar na bolsa na hora de viajar.

2.  “Vôo... ou meu quarto lá de casa?!”

Quem é?
Essa pessoa, faixa etária 0 a qualquer idade, parece que esqueceu de se vestir para sair de casa. Só falta andar por aí de cueca como se não existisse mais ninguém no mundo. Como saber se está se deparando com uma dessas? É evidente pela mancha de espaguete e molho vermelho na camiseta, a linda combinação de meia e chinelo, ou a mochila desgastada. Não me leve a mal, sou mais do que a favor de uma bela mochila desgastada, com cara de que voltou da guerra. Tem um certo charme, um ar meio retrô de quem não está nem aí. Mas quando junta com a calça moletom cinco tamanhos maior do que precisa ser (normalmente caindo, revelando uma boa porcentagem do traseiro do indíviduo) e aquele bafo de gente que tá com fome*, sabe, aquele leve cheirinho que fica quando a pessoa demora um pouquinho demais pra tomar café da manhã? Então, mistura isso tudo com o sebo no cabelo, o verdinho grudado no dente (tá guardando pra mais tarde, baby?), e o cheirinho de quem não assiste o suficiente à comerciais de desodorante, preferindo não gastar dinheiro com coisas tolas como higiene pessoal.

Porque é sem noção?
Essa pessoa decidiu que ir ao aeroporto, fazer check-in, passar pela segurança, entrar em um veículo voador por algumas horas e acordar em outra cidade ou país é a mesma coisa que descer pra pegar a pizza que chegou no delivery. Este sujeito não faz a menor questão de colocar uma roupa diferente daquela que usou pelos últimos três dias enquanto assistia The Big Bang Theory em casa e jantando macarrão de microondas (não que haja algo de errado com isso; mas essas atividades normalmente criam necessidade para um bom banho). Tudo bem se essa pessoa quer fingir que higiene pessoal é coisa do passado, ou coisa para os fracos. É a decisão de cada um. Mas, no momento em que este ser decide se infiltrar na sociedade comum, em um lugar tão público quanto um aeroporto e outro tão fechado quanto um avião, o mínimo que pode se fazer é fingir que não é um portador de germes ambulante. O que essas pessoas não entendem é simples: o ser humano fede. Fede. Por que é comum tomar banho todos os dias? Porque o ser humano não é coisa limpinha. O cachorro, por exemplo, só começa a ter um cheiro desagradável depois de alguns dias sem banho, mas o ser humano é um bicho fedorento, então precisa ficar constantemente mantendo a higiene pessoal para poder associar-se com os outros. Isso é básico. Ninguém merece passar um vôo inteiro, ou até o tempo curto de uma fila para o embarque, inalando aquele cheirinho de suor misturado com mofo e pizza Domino’s.

Pois é. Posso continuar escrevendo por mais algumas horas sobre esses personagens que sempre vemos no aeroporto. Até aí, pode ser que nesse momento tenha uma pessoa escrevendo em seu blog sobre “aquela menina sem noção viajando sem mala, só com uma mochila toda espetada, sem prestar a menor atenção em seus arredores porque tá ouvindo música naquele fone de ouvido gigante vermelho. Bizarra!”

Essa é uma das melhores partes de viajar: julgar sem dó as decisões habituais dos outros. É a verdade cruel. Estava todo mundo pensando -- eu só escrevi!




*Crédito por esse termo à minha amiga Christina Leme, que tem um olfato bizarramente aguçado e muitos jeitos criativos de descrever certos cheiros. Obrigada, amiga, pelas risadas.